We can do it.
Hoje é o Dia Internacional das Mulheres e um ótimo pretexto para partilhar alguns recursos que têm surgido para apoiar mulheres no mundo do empreendedorismo e da inovação.
De programas de aceleração a concursos, de mentoring a partilha de recursos em rede, de prémios a capacitação e incentivo, a lista aumenta a um ritmo de startup unicórnio. Não conseguimos aqui apontar tudo o que existe na cidade e muito menos no país, mas podemos dar umas pistas. Vamos a isto?
Onde estamos?
O Mastercard Index of Women Entrepreneurs 2018 aponta Portugal como um exemplo de sucesso – crescemos em todos os indicadores, desde a perceção de oportunidades para mulheres à capacidade de resistência perante uma falha, passando pelo acesso e sucesso nas qualificações técnicas necessárias. Alguns dos resultados deste relatório anual, que incide sobre 57 países, são o 15º lugar com mulheres como business leaders (este 15º lugar reflete os 35.9% da liderança empresarial – em PMEs – de mulheres); ou a proporção de mulheres com profissões técnicas ou especializadas (18º lugar, 53.8% das mulheres).
Dificuldades? Claro que há e algumas estão refletidas neste relatório. Desde logo no acesso a investimento e a serviços financeiros – a posição de Portugal desce para 40º dos mesmos 57 países – e o grau de aceitação e apoio social e cultural a empreendedoras.
Estes números complementam as conclusões do relatório Participação feminina na gestão das empresas em Portugal de março de 2018, da INFORMA:
● Tendo alcançado a paridade no mercado de trabalho, as mulheres estão ainda sub-representadas nas funções com poder de decisão nas empresas. A participação feminina na gestão vai diminuindo à medida que aumenta o nível de responsabilidade nas organizações.
● O número de mulheres à frente de pequenos negócios tem vindo a aumentar nos últimos anos, ocupando atualmente 1/3 dos cargos de gestão.
● Nas empresas com liderança feminina mais de metade dos cargos de gestão são ocupados por mulheres, havendo maior diversidade de género nas equipas de gestão e de direção.
● As mulheres ocupam hoje 12,2% dos lugares nos conselhos de administração das empresas cotadas em Bolsa, um valor que tem vindo a registar uma evolução positiva, tendo praticamente duplicado nos últimos 6 anos.
Adicionemos a estes dados mais números, agora sobre a educação e formação. A Pordata responde à pergunta “Quantas são as mulheres entre a/os estudantes que frequentam o ensino superior em ciências, engenharias, saúde, educação ou artes?” com 53.8% em 2018 (em 1991 era de 56.7%). Ou seja, há mais mulheres que homens a frequentar o ensino superior e tem sido assim – pelo menos – nos últimos 27 anos. A mesma PORDATA revela que também são as mulheres que mais acabam os estudos superiores, ou seja, elas frequentam mais e com maior sucesso. No site pode-se ver estes números por áreas de estudo e por ano, o que é um exercício interessante.
Estudam mais, lideram muito menos. Ou seja, ainda há muito por fazer.
Os incentivos ao empreendedorismo e liderança das mulheres assumem várias formas. Das grandes empresas multinacionais às maiores instituições internacionais, passando por redes macro e micro e por pessoas e instituições que juntam, apoiam, desenvolvem e capacitam raparigas e mulheres, as hipóteses de networking e de desenvolvimento pessoal e profissional são imensas.
Desafios, prémios e outras oportunidades
Prémio Mulheres Inovadoras, da união Europeia – Está aberto o concurso para o Prémio da União Europeia para Mulheres Inovadoras de 2019, que reconhece as mulheres empreendedoras que de forma bem-sucedida trouxeram inovações para o mercado. A concursos estão 3 Prémios de 100.000 EUR para a categoria de “Mulheres Inovadoras” e 1 Prémio de 50.000 EUR para a categoria “Inovadora em Ascensão” (<35 anos)
Mais informações aqui – e relembramos que em 2016 já houve uma portuguesa premiada, parabéns à Susana Sargento!
Visa Everywhere Initiative – O prémio do Visa Everywhere Initiative: Women’s Global Edition é aliciante. O evento prevê 2 desafios (um de Fintech e outro de Social Impact), 12 finalistas e uma celebração das mulheres empreendedoras e as suas ideias, soluções e organizações inovadoras. As finalistas irão a Paris, no início de junho, apresentar o pitch e a vencedora de cada um dos desafios receberá o prémio de 100.000USD. As inscrições estão abertas até 14 de abril (mais informações aqui).
BORA Mulheres é o nome do programa de formação profissional e empreendedorismo promovido pela Coca-Cola. Este projeto de formação e mentoria destina-se a mulheres que querem desenvolver uma ideia de negócio ligada ao setor da alimentação e bebidas. O objetivo do programa é capacitar as participantes, alargar as suas competências e fomentar o seu carácter empreendedor. Estão previstos para já dois workshops – em Lisboa nos dias 9 e 10 de março e em maio no Porto – e a adesão tem sido enorme. As inscrições para Lisboa já fecharam mas estão na calha novas edições.
C40 e W4C – Já contámos que Lisboa aderiu à rede C40, a mais importante rede de combate às alterações climáticas à escala das grandes cidades, sendo uma das iniciativas a rede Women4Climate, que pretende empoderar e inspirar as próximas gerações de mulheres líderes no combate às alterações climáticas. Um dos desafios será o próximo Women4Climate Tech Challenge, em que as mulheres portuguesas poderão e deverão participar.
Comunidades, associações e outros grupos mais e menos formais
Women Win Win é uma comunidade online de mulheres empreendedoras onde, além dos contactos e networking, se apela à partilha de conhecimentos, experiência e competências. A associação desenvolve competências técnicas e comportamentais orientadas para o empreendedorismo no Programa de Mentoring WomenWinWin e nos workshops e eventos de formação que organiza.
A European Women Payments Network tem uma representação em Portugal, da qual aliás a Made of Lisboa é parceira e com quem recentemente participámos no 1º evento dinamizado no país. Esta associação, que junta mulheres ligadas aos serviços de pagamentos e à banca, pretende tornar as mulheres que trabalham no setor mais visíveis.
A Capazes é uma associação feminista que tem como objetivo promover a informação e a sensibilização da sociedade civil para a igualdade de género, defesa dos direitos das mulheres e empoderamento das mesmas. Determinantes na voz pública de muitas mulheres nos últimos anos, o trabalho que fazem com educação e formação de jovens e outros projetos de capacitação e empoderamento das mulheres resulta e resultará num país mais informado e exigente.
As Chicas Poderosas já têm comunidades em treze países – e sim, Portugal é um deles. A Chicas Poderosas quer ver mais mulheres no jornalismo digital e desenvolve as capacidades digitais, formação de liderança, programas de aceleração e mentoria e outros projetos e iniciativas que visam apoiar mulheres e jovens mulheres.
A Mulheres à Obra – MAOs – começou como uma comunidade no Facebook, mas a adesão levou a que crescesse e se tornasse uma verdadeira plataforma do empreendedorismo das mulheres, onde o networking é visível e efervescente.
Portuguese Women in Tech é uma comunidade lançada em 2016 e que reune várias mulheres portuguesas com responsabilidade nas áreas tecnológica e de inovação, e que partilha histórias de sucessos destas muleheres e dinamiza workshops inspiracionais e capacitantes.
E porque o mundo não acaba em Lisboa, deixamos alguns recursos e redes internacionais que podem ser úteis.
A Web Summit dinamiza o Women in Tech desde a primeira edição. Reunindo mulheres influenciadoras de todo o mundo, o objetivo é combater o desequilíbrio de género que domina os eventos tecnológicos e de inovação e tornar a indústria Tech mais inclusiva e diversa.
A The Female Founder Collective é uma rede de empresas lideradas por mulheres que apoia mulheres. A sua missão é potenciar e empoderar negócios de mulheres e ajudar a impactar positivamente as várias comunidades, tanto social como economicamente.
SheWorkx é uma plataforma global que reúne mais de 20.000 mulheres empreendedoras e defende a colaboração como método para diminuir as desigualdades no acesso ao financiamento. Promove programas de aceleração e de capacitação de mulheres ambiciosas.
Outra visita altamente aconselhável é à plataforma International Women’s Day, que disponibiliza recursos para que qualquer pessoa ou grupo, em contexto empresarial ou outro, possa agir a favor de um mundo mais equilibrado em termos de género e de oportunidades.
E terminamos com a plataforma Empower Women, da ONU, que desde 2013 tem sido um marco global no empoderamento das mulheres, chegando a muitas centenas de milhares de pessoas por todo o mundo -em mais de 70 países – e dinamizando redes, parcerias e projetos online e offline. Ajudando à mudança, portanto.
Este apanhado está longe de estar completo – e ainda bem, porque os recursos, projetos e iniciativas são tantos e de teor tão diferente que seria necessário um espaço muito maior do que este para organizar tudo. Mas é um começo, estão convidadas e convidados a partilhar connosco outros recursos que merecem estar aqui– e celebremos porque são muitos sinais que o mundo está mesmo a mudar e que talvez em breve mulheres e homens sejam avaliadas/os pelos mesmos critérios, até quando apresentam ideias de negócio.
Bom dia internacional das mulheres para todos e para todas!